sábado, 25 de junho de 2011

Estilo de Álvares de Azevedo


Álvares de Azevedo se define através da palavra “binômia”, onde busca aproximar dois lados extremos. Agora não sabemos se estes lados extremos são o escritor e sua amada ou a razão e a emoção de quem escreve. Álvares parece tentar sonhar e ficar prezo a realidade ao mesmo tempo, sonhar com o possível e não com utopias amorosas que talvez nem existam. Álvares toma como inspiração o real e o possível e enfatiza que os poetas são como todo mortal possui corpo, artérias, nervos, etc., ou seja, não são apenas idealistas que vivem um sonho impossível. Segundo Azevedo, no prefácio da parte II da Lira dos Vinte Anos, “O poema então começa pelos últimos crepúsculos do misticismo, brilhando sobre a vida como a tarde sobre a terra. A poesia puríssima banha com seu reflexo ideal a beleza sensível e nua.”
Prefácio Parte II da Lira dos Vinte Anos: http://pt.wikisource.org/wiki/Lira_dos_Vinte_Anos/Pref%C3%A1cio_da_Segunda_Parte


Podemos perceber seu estilo singular através deste soneto:




Soneto II/Passei ontem a noite junto dela 
Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia
Apenas entre nós - e eu vivia
No doce alento dessa virgem bela...


Tanto amor, tanto fogo se revela
Naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
Aspirando nessa alma de donzela!


Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!


Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
É sentir todo o seio palpitando...
Cheio de amores! E dormir solteiro!

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